quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Oeste da Bahia: Funcionários da Cargill Agrícola decidem entrar em indicativo de greve




image


Funcionários da Cargill Agrícola S. A. decidiram na manhã de ontem, 17, entrar em indicativo de greve e devem paralisar nos próximos dias as atividades em todas as unidades da empresa no Oeste da Bahia.


Segundo Josué dos Anjos Filho, Coordenador Geral do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentos e Afins dos Municípios da Região Oeste da Bahia (Sintiab) e colaborador da multinacional há aproximadamente nove anos, os funcionários da empresa decidiram pelo indicativo de greve após a relutância da Cargill em atender e negociar o dissídio coletivo iniciado em agosto de 2015 e que tem a data base retroativa a setembro do mesmo ano. “Apresentamos a diretoria da empresa uma proposta construída pelos trabalhadores e apesar da flexibilização do sindicato e a mediação do Ministério Público do Trabalho, fato ocorrido no último dia 02 de fevereiro, não obtivemos sucesso junto à Cargill, que se nega, inclusive, a atender nossas reivindicações e não abre mão de nada e sequer aceita discutir as propostas dos funcionários sob a alegação de que está trabalhando no vermelho, criando esse impasse que acabou em indicativo de greve”, disse o sindicalista.


Entre as principais propostas efetuadas pelos trabalhadores está o aumento do valor do Vale Refeição que atualmente é de R$ 200,00. “Enquanto outras unidades da empresa, inclusive as instaladas em outras regiões da Bahia, os funcionários recebem R$ 682,00 de Vale Refeição, os trabalhadores das unidades do Oeste da Bahia recebem apenas R$ 200,00. Nossa proposta foi de aumentar para R$ 300,00, menos da metade praticada na unidade de Ilhéus, no Sul da Bahia, mas a empresa só aceita pagar apenas R$ 219,00, um aumento insignificante de R$19,00”, reclamou Josué, relatando que as informações de que a empresa estaria trabalhando no vermelho é uma inverdade que foi desconstruída pelo Sindicato. “A própria multinacional credenciou o Jornal Valor Econômico para publicar seu balanço financeiro de 2015 e em boletins divulgados internamente nas unidades distribuídas pelo Brasil, nos quais provam que a empresa está vivendo um bom momento e obteve um lucro de 77% a mais do que ela própria previa para o segundo trimestre fiscal de 2015, com superávit de US$ 784 mi. No total a multinacional obteve um lucro líquido de US$ 1,39 bilhão”, afirmou.


O aumento nos valores do adicional noturno também está incluso no rol de propostas dos trabalhadores. Eles reclamam da disparidade quanto ao que recebem os funcionários da Cargill Agrícola no Sul da Bahia em relação aos trabalhadores do Oeste. “Enquanto em Ilhéus os funcionários têm direito a 35% de adicional noturno, aqui e nossa região temos apenas 20%. A proposta do Sintiab é propor um pequeno reajuste de 5%, passando para 25%, bem inferior ao que é pago em outras unidades da Cargill, mas infelizmente a empresa não aceitou nossa proposta e insiste em penalizar seus colaboradores”, revelou Josué.


Para o coordenador geral do Sintiab, a situação está insustentável, mas mesmo assim os funcionários concordaram, desde que as outras reivindicações fossem atendidas, de que o aumento do piso salarial e demais salários, fossem reajustados em 9,88%, mesmo índice inflacionário dos últimos 12 meses, sem aumento real no ganho do trabalhador. “Se a empresa resolver voltar atrás e negociar os outros itens com os trabalhadores, não vemos problema em aceitar essa proposta”, asseverou.


Em relação a liberação do dirigente sindical, Josué pontuou que a empresa só o libera oito dias por mês para atender a demanda do sindicato, ao contrário de outras empresas, a exemplo da Bunge, que liberou integralmente um dos diretores do Sintiab, mostrando senso de responsabilidade com os direitos dos trabalhadores. “Como coordenador geral do sindicato eu tenho uma demanda de 36 municípios para atender, mas a empresa insiste em não me liberar, tudo isso no intuito de enfraquecer a entidade classista e os trabalhadores. E mais uma vez ficamos na disparidade com a unidade da Cargill em Ilhéus. Lá o sindicalista é liberado integralmente e apesar disso, esse não é um dos pontos de entrave nas negociações, se for para andar pra frente, essa reivindicação sai da pauta”, concluiu Josué dos Anjos Filhos.


Durante os dois dias de mobilização ocorridos nos dias 15 e 17 deste mês, o funcionamento dos equipamentos da fábrica ficou comprometido. No dia 15 a empresa parou suas atividades em 100% e hoje, apenas nove funcionários das caldeiras e prensas mantiveram as máquinas em funcionamento. O restante dos funcionários, inclusive do administrativo, aderiram integralmente ao movimento. Assim que a empresa e o Ministério Público do Trabalho forem comunicados da decisão unânime dos funcionários pelo indicativo de greve, em assembleia realizada em frente a fábrica de Barreiras, as atividades deverão sessar imediatamente, o que deve trazer transtornos para a região, uma vez que se iniciou as colheitas de soja precoce e das lavouras da leguminosa plantadas em pivôs centrais no Oeste da Bahia.


Barreiras, 17 de fevereiro de 2016 – Em relação à possível paralisação das atividades da fábrica da Cargill, no município de Barreiras, decorrente das negociações sindicais, a empresa informa que, desde setembro de 2015, está em contato com o SINTIAB (Sindicado das Indústrias de Alimentação e Afins dos Municípios da Região Oeste da Bahia). A empresa enviou propostas de reajuste salarial e de benefícios, mas não houve acordo entre as partes. A Cargill continua aberta ao diálogo e reitera sua expectativa de se chegar a um consenso. Afirma também que está tomando medidas cabíveis para proteger seus funcionários e instalações durante as eventuais mobilizações.


Fonte: Jornal Nova Fronteira


Publicado Por Tainá Almeida – Revista Barra Magazine




Oeste da Bahia: Funcionários da Cargill Agrícola decidem entrar em indicativo de greve

Nenhum comentário:

Postar um comentário