Manifestantes contrários à nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como chefe da Casa Civil protestaram fechando todas as faixas do Eixo Monumental, em frente ao Palácio do Planalto, no fim da tarde desta quarta-feira (16). Cerca de 1,5 mil pessoas estavam no local por volta das 19h, segundo a Polícia Militar. Para organizadores, eram 2,5 mil. Por volta das 18h15, a PM chegou a disparar gás de pimenta para evitar confronto entre o grupo e participantes de um ato em favor do petista.
Motoristas passavam pelo local fazendo “buzinaço”. O grupo favorável a Lula se posicionou do outro lado da rua. Membros do Batalhão da Guarda Presidencial reforçaram a vigilância do palácio.
De acordo com o major da Polícia Militar Juliano Farias, que comandava a segurança durante o ato, também foi preciso apartar uma discussão entre uma mulher que apoiava o governo e um grupo contrário.
O protesto começou com cerca de cem pessoas em frente ao Planalto. Às 18h30 eram 300 participantes, de acordo com a Comunicação da PM – o aumento ocorreu por causa do fim do expediente de trabalho na capital. A corporação informou ter deslocado efetivo de 50 homens para garantir a segurança.
Os policiais fizeram um cordão para separar os manifestantes. Os PMs se posicionaram em uma área próxima ao acesso lateral do palácio. Um grupo de pessoas que trabalham no Planalto (servidores e membros da imprensa) saiu do prédio para acompanhar o ato.
Com gritos de “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”, manifestantes estenderam uma faixa que chama a presidente Dilma Rousseff de mentirosa. Eles também exibiram faixas com dizeres como “O Brasil não é do PT” e “Lula na cadeia. Buzine”.
Dragões da Independência na rampa do Palácio do Planalto observam manifestantes contra nomeação de Lula como ministro (Foto: Filipe Matoso/G1)
O protesto teve a participação de parlamentares. O deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS) foi vaiado por manifestantes. O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) levou assessores ao ato.
Para o produtor cultural Márcio Apolinário, a maioria dos manifestantes antigovernistas é formada por assessores parlamentardes e “pessoas inconformadas com a derrota na eleição”. “Ele [Lula] tem a experiência da gestão pra ajudar a articular a governar e ajudar o país a sair dessa crise.”
Policiais militares fazem cordão de isolamento durante protesto (Foto: Gabriel Luiz/G1)
“É muito importante a manifestação porque, depois de tantos milhões de pessoas terem ido à rua hoje, nós vemos praticamente um golpe no Brasil”, afirmou a servidora pública Joelma Alves, que disse ter ido ao protesto após sair da academia.
“Este país é feito com a dignidade de cada cidadão. Se o povo não se revoltar em um momento desse, em que momento se revoltará? O ex-presidente Lula virou ministro, e é investigado. Será que a presidente contrataria um empregado que fosse investigado pela polícia?”, diz o servidor público Helton Barros.“Vim protestar contra essa sacanagem que está sendo feita com o povo. A gente trouxe 6 milhões às ruas do Brasil no domingo para, três dias depois, a persistente indicar para a Casa Civil um investigado por corrupção”, afirmou o empregado público Rafael Dezan.
Lula ministro
O anúncio da nomeação de Lula como ministro da Casa Civil aconteceu no início da tarde. o Planalto emitiu uma nota informando que o ex-presidente vai substituir Jacques Wagner.“A Presidenta da República, Dilma Rousseff, informa que o ministro de Estado Chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, deixará a pasta e assumirá a chefia do Gabinete Pessoal da Presidência da República. Assumirá o cargo de Ministro de Estado Chefe da Casa Civil o ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva”, diz trecho.
Com o fim de expediente em Brasília, mais pessoas se juntam à manifestação (Foto: Gabriel Luiz/G1)
Segundo a TV Globo apurou, Jaques Wagner manterá o status de ministro, apesar de estar sendo transferido para o cargo de chefe de gabinete da Presidência, que, até então, não era considerado uma vaga de primeiro escalão. Com isso, Wagner manterá o foro privilegiado.
No mesmo comunicado, a Presidência anunciou a ida do deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) para o comando da Secretaria de Aviação Civil, que estava, desde dezembro, sob uma chefia interina.
Manifestantes em ato em frente ao Palácio do Planalto em protesto contra a nomeação do ex-presidente Lula como ministro do governo Dilma (Foto: Alexandre Bastos/G1)
“Tem seis anos que vocês tentam porque tentam me separar do Lula. A minha relação com o Lula não é de poderes ou superpoderes. É uma sólida relação de quem constrói um projeto junto”, declarou a presidente.
“O presidente Lula, no meu governo, terá os poderes necessários para nos ajudar, ajudar o Brasil. Tudo o que ele puder fazer para ajudar o Brasil será feito, tudo”, afirmou.
Segundo Dilma, um dos motivos para que o ex-presidente Lula tenha sido convidado para integrar o ministério é o compromisso dele com a estabilidade fiscal e o controle da inflação.
Dilma afirmou que esse compromisso não é “meramente retórico” e, segundo disse, “se expressa numa situação muito significativa que é atuação ao longo dos oito anos do governo dele”.
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